Tramas sobre reconciliações entre pais e filhos geralmente dão bons filmes. Ou, no mínimo, histórias lacrimejantes. Mas não basta o bom roteiro: é preciso também uma direção eficiente. E isso não acontece com a produção franco-canadense Pai, Filhos & Etc, um filme repleto de boas intenções não concretizadas.
O setentão Leo (Philippe Noiret, o inesquecível Alfredo de Cinema Paradiso) se aproveita de um leve mal estar para tentar reconciliar seus filhos David (Charles Berling) e Max (Bruno Putzulu), brigados há anos. Mentindo, ele diz que terá de fazer uma operação de alto risco. Por isso, deseja viajar até o Canadá com os rapazes antes que o "pior" aconteça. Com o caçula Simon (Pascal Elbé, que também é um dos co-roteiristas do filme), David e Max acabam aceitando o pedido do pai, ainda que a contragosto, e os quatro partem para uma grande viagem que teria tudo para ser um desastre.
Dentro da velha fórmula "conflito-viagem-redenção", Pai, Filhos & Etc tem um roteiro dos mais previsíveis, o que não chega a ser exatamente o principal problema do filme. O defeito mais grave está na direção do tunisiano Michel Boujenah, que não tem a sensibilidade que o tema exige. Mão pesada, ele parece dirigir com pressa, escancarando as situações, não deixando nada para o público descobrir, reduzindo tempos e proporcionando uma estética televisiva a uma história que tinha tudo para ser cadenciadamente cinematográfica. Um bom tema desperdiçado.
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